segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Porsche x Advogada - Dois pesos e Duas medidas

A história todos conhecem.
No Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, no dia 9 de julho, um porsche em alta velocidade bateu no carro de uma advogada, que morreu na hora.

OK!

O Fantástico divulgou uma reportagem exclusiva com o laudo técnico da batida.
Nos dias sequentes ao acidente "que chocou o Brasil" - aspas pra chamada do programa -, falava-se que Marcelo Malvio de Lima, motorista do Porsche, dirigia a 150 km/h.
Ontem, no laudo apresentado na matéria, ficou provado que ele poderia estar entre 92 e 141 km/h. Isso já calculando os 20% pra mais e pra menos da margem de erro.
A média fica em 116 km/h.

Ah, Wilches, mas de novo esse assunto? 
Sim, de novo, e por um motivo simples: desde o dia do acidente todos falam no "porsche que matou a advogada"; "o riquinho que tirou a vida de uma mulher com um futuro brilhante", e etc...

Carolina Menezes Cintra Santos, infelizmente, morreu na hora do impacto.
Uma batida das mais fortes que já vi.

Dois fatos:
1º fato - Marcelo dirigia a uma velocidade superior a permitida na Rua Tabapuã (40 km/h).
2º fato - Carolina cruzou o sinal vermelho.

Ambos cometeram uma infração gravíssima, segundo o Código de Trânsito.
7 pontos na carteira e, para Carolina, uma multa de R$191,54. Para Marcelo, suspensão do direito de dirigir e uma multa de R$574,61.
Conheça as infrações e as punições no trânsito

Defesa e acusação jogam as cartas. Cada um enxerga os fatos de acordo com o que quer enxergar.
Mas, o público é muito leviano. A mídia - parcial - é muito leviana. Todos tratam o motorista do Porsche como um assassino.
De fato, na minha opinião, ele deveria, no máximo, responder por homício culposo - quando não há intenção de matar.
O inquérito o coloca para responder o doloso - com intenção.

A acusação afirma que ele assumiu os riscos de um acidente ao digirir àquela velocidade.
Ah, tá... E ela não? A advogada não assumiu nenhum risco ao furar o sinal vermelho?

"Wilches, mas era de madrugada... é perigoso!" 
E?? Os faróis que a CET acredita que podem ser desligados durante a madrugada ficam dessa forma. Mas, É ÓBVIO, que num cruzamento num bairro movimentado como o Itaim Bibi, o farol tem de funcionar, certo?

Então, por quê? Por que a mídia e as pessoas tratam o rapaz como um monstro?
A advogada era bonita, bem sucedida e morreu. Isso mexe com a cabeça de todos. Esse fato da morte, ainda mais quando trata-se de alguém com o apelo da carreira e da beleza, faz com que o mundo tenha pena, dó e outros sentimentos que lamentam a dor da família. Esses mesmos sentimentos fazem com que MUITA GENTE não pare e pense nos fatos.

Ele estava rápído? Sim. Ela passou o sinal vermelho? Sim.
Os dois estão errados.

Se ele tivesse morrido? O que VOCÊ ia pensar do caso?

É muito fácil arranjar um culpado, crucificá-lo e ponto final.

Não é assim que a banda toca.
Não estou defendendo ele, nem ela. Quero apenas mostrar que há dois lados.

Se tem dois pesos, que sejam medidos na mesma balança!

Um comentário:

  1. Você tem toda razão,fiz a mesma pergunta quando vi a reportagem, afinal se a motorista tivesse respeitado o farol hoje estaria viva.Fatalidade e se o advogado do Marcelo for um bom profissional, que creio que é, vai desclassificar o crime para homicidio culposo.

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